A minha vida é uma montanha russa, têm momentos que estou em cima e outros que estou embaixo”. Essa frase não é minha, eu a ouvi de um senhor que tinha esquizofrenia. Já ouviu falar desse distúrbio?
Era o ano de 2003. De segunda a sexta-feira eu colocava minha bolsa nos ombros e seguia para o meu primeiro estágio como repórter. Minha casa ficava há poucos quarteirões da redação, mas todos os dias, por aquele breve trajeto, eu me questionava se aquela carreira, de fato, era o meu lugar no mundo.
Sabe quando o meu coração se acalmava? Nas horas que eu tinha a oportunidade de chegar um pouco mais perto do que sou hoje, quando eu podia contar a história de pessoas simples nas páginas pretas e brancas daquele pequeno jornal…
Foi em uma dessas oportunidades que eu entrevistei um senhor com esquizofrenia. Uma figura marcante que sempre andava pelo Centro da cidade de terno e gravata num dia, e descalço no outro. Extrovertido, ele arrancava sorrisos e curava a ferida de quem o ouvisse.
Sabia fazer rir quando ele mesmo queria chorar e, acima de tudo, tinha a resposta que você precisava naquelas semanas mais difíceis – por obra divina, ele sabia o que você estava passando. Era um guardião de sorrisos e de grandes conselhos.
Não costumo me inspirar em pessoas reais para criar personagens, mas em “A Trapezista – Um amor de turnê” esse príncipio, surpreendentemente, se quebrou. Senhor Hunter, o palhaço do circo, foi inspirado nesse homem tão marcante e especial. Pelos três livros da série ele será quase a voz do destino a chacoalhar a decisão de muitos personagens…
“O mais importante, meu rapaz”, diz ele para o proprietário do circo logo nos primeiros capítulos, “é não deixar que a vida nos faça de palhaço. Para isso, tenha certeza: todos nós ganhamos um talento para vencer nessa disputa. Qual é o seu?”.
E você, já conheceu alguém assim?